Computadores, Ferramentas Cognitivas

Referências bibliográficas:

Jonassen., D. H. (2007). Computadores, Ferramentas Cognitivas. Desenvolver o pensamento crítico nas escolas. Porto: Porto Editora, pp.297-305.

Registo de Leitura:

Capítulo 14 - Implicações das ferramentas cognitivas

Jonassen (2007) refere-se ao papel das ferramentas cognitivas na sociedade, considerando que estas apresentam desafios intelectuais e sociais, exigindo uma revolução na educação, marcada por um lado pelos alunos que se sentem motivados para conseguirem um crescimento pessoal, como resultado do facto de dominarem algo de novo. Por outro lado, pelos professores que se sentem revigorados com os desafios intelectuais dos seus alunos.

Na perspectiva do autor, embora considerando que as ferramentas cognitivas não sejam o único meio para desenvolver aprendizagens significativas, a educação é um processo que deve envolver os alunos em pensamentos de ordem superior, e tendo em conta que os computadores podem e devem auxiliar nesse processo, as ferramentas cognitivas podem ajudar na construção de aprendizagens significativas.

O autor considera ainda que as ferramentas cognitivas podem funcionar com mais sucesso numa situação de reforma educativa, em que os alunos desempenhem papéis construtivos. Os alunos devem abordar a aprendizagem de forma activa e consciente, entendendo e executando as suas intenções pessoais para aprender, pensar e regular processos.

De acordo com Jonassen (2007), as ferramentas cognitivas podem apoiar tanto uma acção cognitiva activa e consciente como a auto-regulação. Solomon e Globerson (citados por Jonassen, 2007, p.299) definem uma acção cognitiva activa e consciente como a “utilização consciente e metacognitivamente orientada de processos não automáticos, que, geralmente exigem esforço”. O autor considera esta acção necessária para a aprendizagem significativa, que é aplicável em situações semelhantes e transferível para novas situações, pelo que o objectivo da educação deve ser o de envolver os alunos neste tipo de aprendizagem.

No que diz respeito à auto-regulação, o autor refere que as ferramentas cognitivas exigem que os alunos articulem os seus objectivos com a intenção de aprender a realizar algo, envolvendo os alunos numa reflexão sobre aquilo que sabem.

Para os professores a aprendizagem e pensamento eficazes constituem um desafio, pois implicam a capacidade de reflectir acerca de quem são, do que são capazes e do que estão dispostos a fazer.
Numa perspectiva de ensino construtivista, as ferramentas cognitivas exigem do professor mudanças de atitude face às tecnologias, pois a optimização do seu uso exige que os professores se sintam à vontade com as abordagens construtivistas, baseadas na resolução de problemas ou em projectos. Neste contexto, os professores têm de estar dispostos a aceitar que os alunos progridam independentemente e a ritmos diferenciados, e devem ainda ser flexíveis para aceitar a mudança de direcção quando ocorrem problemas técnicos.

Jonassen (2007) considera ainda que o uso de ferramentas cognitivas na sala de aula exige o desenvolvimento nos professores de novas competências pedagógicas. O papel de professor como transmissor de conhecimentos deve alterar-se para promotor, modelador e orientador da construção do conhecimento.

O uso eficaz das ferramentas cognitivas exige ainda que o professor esteja disposto a abdicar da sua autoridade, quer com o poder, quer intelectual. O professor não tem de ser um especialista em computadores, mas tem de estar preparado para admitir que não sabe tudo, existindo a necessidade de pesquisa e de descoberta constante. Contudo, integrar de forma eficaz as ferramentas cognitivas no processo educativo exige que os professores sejam capazes de as usar, envolvendo-se com os objectivos das ferramentas cognitivas.

De acordo com o autor, o uso de ferramentas cognitivas requer o apoio administrativo e de gestão da escola; apoio logístico, sobretudo no que diz respeito à disponibilidade de horários; apoio tecnológico, pois são necessários computadores; compreensão e apoio familiar, pois apesar dos pais aceitarem a importância do pensamento construtivo, auto-regulado e crítico, e procurarem a responsabilidade, não compreendem que, para os indivíduos serem responsáveis precisam de investimento pessoal e de risco. A melhor forma de envolver os pais conquistando o seu apoio é mostrando-lhes as produções dos filhos.

Em síntese, Jonassen(2007) considera que as ferramentas cognitivas colocam um conjunto de problemas ao ensino. A implementação com sucesso destas estratégias pressupõe que toda a comunidade educativa se envolva, respeite e encoraje o pensamento crítico e a construção pessoal do conhecimento com objectivos significativos. Pressupõe que os alunos passem tempo na escola envolvidos de forma activa e consciente no pensamento e na aprendizagem, e que aprendam a regular os seus próprios hábitos aprendizagem.

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